quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Violência X Conivência

Alexandre Garcia fez um comentário pertinente no dia 14/02/07, no programa da Ana Maria Braga e no Bom Dia Brasil no dia 12/02/07, só que em horários onde uma significativa porcentagem da população que assiste TV não está assistindo. Pergunto-me porque seu comentário não foi exibido para os telespectadores Homer Simpson (Jornal Nacional – reportagem Carta Capital).

Toda vez que acontecerem barbaridades que a mídia dá enfoque ouvimos as mesmas explanações e a um ano atrás, quantos não foram as promessas dos nossos parlamentares em “mudar” a lei, endurecer, “pero perder la ternura jamais”, acho que o discurso de Che é levado a sério pelos nossos políticos. Engraçado que eu não ouvi um comentário sequer da Comissão dos Direitos Humanos irem defender o direito à vida que aquele menino perdeu. Eu como mãe, não consigo imaginar a insuportável dor que aquela senhora está tendo, e todas as mães que perdem seus filhos de maneira asquerosa para os criminosos. E o que a gente faz? Passa uma semana e vamos então nos preocupar com a única coisa que estará acontecendo no País do Futebol, o Carnaval. Uns vão beber até cair, outros fugir do estresse, outros assistir a exposição excessiva de bundas e peitos garbosos saltando tela a fora, isso não importa, o que importa é que vamos guardar no arquivo, como culturalmente sempre fazemos, ou seja, esquecer.

Voltando ao comentário do jornalista, engraçado que queremos sempre que a lei nos proteja só que muito pouco estamos dispostos a cumpri-la. Levemos à pauta o transito caótico brasileiro, na minha cidade que tem pouco mais de 200 mil habitantes, uma cidade que já foi considerada a mais violenta do Estado de São Paulo. Aqui é “terra de ninguém”, semáforo existe para enfeitar a cidade atrolhada de lixo, assim como faixa de pedestre, mas afinal quem um pedestre pensa que é, a lei defende o mais fraco, mas quem tem a arma (carro) mais forte tem o poder. Cumprir leis é para idiotas, haja visto que temos orgulho em ser o país “do jeitinho”, ou seja, dos contraventores, do nepotismo (na esfera pública e privada), difícil arranjar um emprego se você não tiver um QI (quem indica) importante.

É, pensando historicamente, eu nasci quando a Ditadura Militar estava terminando, mas estudei que os subversivos da época eram punidos, como sempre são, mas porque será que os movimentos antes das “Diretas Já” conseguiam poder de colocar as pessoas nas ruas e fazer passeatas, fazendo pressão contra o poder que “a gente elege”? Seja para alguns em troca de uma cesta básica, é cada um de nós que elege. Por que depois da abertura alfandegária, onde os produtos supérfluos (em sua maioria) chegaram até nós, onde a globalização é intrínseca a vida contemporânea, porque somos tão mais individualistas e o máximo que conseguimos, como relatou Michael Moore num documentário, é ficar perplexo diante da TV e depois desligá-la e voltar para “nosso mundo perfeito” como se nada disso tivesse acontecido? Será que os pais da Gabriela, que foi assassinada por uma bala perdida a 4 anos no metrô do Rio iam ser militantes e organizar passeatas se a filha deles não tivesse morrido? Será que teremos que perder nossos filhos, irmãos, para que sejamos solidários?

Não tem que ser assim, não tem!

Não adianta falar em consciência se nós temos culturalmente orgulho que os filhos homens sejam garanhões, que não usem roupas coloridas e que não brinquem com bonecos (para não saber cuidar dos filhos ou medo que se tornem homossexuais), não adianta fazer discurso dizendo que se valoriza a beleza interior, se sempre julgamos alguém pela aparência. Não adianta sermos solidários com as notícias na mídia se ao sairmos na rua ignoramos nossos vizinhos. Somos impacientes em demasia, não respeitamos nossos pares porque sempre nos julgamos superiores. Já ouvi meu pai (um homem simplesmente pacífico, típico mineiro) dizer que se tivesse uma arma teria feito uma besteira quando um cara lhe fechou no trânsito, ou quando alguém erra a marcha, ou não dá passagem. Não podemos mais errar, a tolerância é zero, e a prioridade e a condescendência é nula. Porque os outros tem de cumprir a lei, se nós não a fazemos. Quem tem filho sabe que o discurso de fazer o que eu falo não funciona com educação. Seja a mudança que você quer ver no mundo, como dizia Gandhi.

E até mesmo eu que tenho sempre uma indignação pronta a escrever num programa pirata da MS, já fiz crítica a um amigo que era politicamente correto, é que ele é um exemplo tão raro, tão raro, que parece que ele é o chato enquanto todos os espertões são os corretos, afinal estamos revivendo a barbárie, “olho por olho, dente por dente”, eu diria “carro por carro, calibre por calibre”. Sei que esse discurso já está longo, mas a revolta que sinto pelo silêncio não tem limites. Um professor de história meu é que dizia que história é coisa do passado, afinal só muda a data e o nome dos personagens, o resto é cíclico. Desculpe incomodar, mas eu não consigo me calar!

Tô de saco cheio!!!

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Haja vista, mulheres objetos também pensam!

Objetos de quem e para que? Mais incrédulo é a mulher que se submete a tal coisa, ser um objeto. Há muito já observava a questão e depois de ler um artigo de Ligia Martins de Almeida, obriguei-me a sentar e a escrever sobre o assunto: Mulheres e cerveja.
Cerveja definitivamente não é a melhor coisa do mundo, não mata a sede, só mata a vontade de beber cerveja, ou de ser aceito no meio social de alguns grupos. Ela é amarga e aqui no Brasil, um país quente, deve ser consumida muito gelada. Nos países frios, onde ela foi criada, tem um paladar muito diferente do nosso, ela é consumida em temperatura ambiente e com outro teor alcoólico. Então o que fez com que verão fosse “emblema” de cerveja e de mulher seminua? Os publicitários. Há de se dizer: machistas!
Foi-se o tempo em que somente homem bebia cerveja, o número de mulheres que bebem aumentou enormemente nos últimos anos, mas a questão em foco é porque os comerciais de cerveja são direcionados aos homens? Porque a figura da imagem de uma mulher seminua pode vender algo (não só cerveja, mas carro etc. e tal)?
Pergunto-me sobre a capacidade de um homem refletir realmente se ele se juntar em roda com os amigos, rir alto, mexer com todas as garotas em volta e beber muito ele irá conseguir um belo exemplar de mulher “perfeita” para ele? Será que os publicitários pararam pra pensar que nenhuma pessoa gosta de ter um bêbado, ou que seja um bafo de álcool, dizendo estupidez e obscenidades ao lado? Qual mulher, não considerando uma profissional do sexo, estaria disposta a estar do lado de um cara que só a quer pelo troféu que ela representaria para os amigos dele, numa questão de disputa de poder? Isso é uma afronta à inteligência das mulheres e dos homens também.
O comercial de um “mestre” barrigudo, típico bebedor de cerveja, com uma capacidade mental extremamente titubeante e questionável, chamar uma mulher de burra, dizendo para ela perdoar a suposta traição do marido, ou de um rapaz certinho, tímido, que há de curar sua timidez bebendo um pouco. Ou o nome de uma marca de cerveja deliberadamente associada ao verão, fazendo até propaganda de tempo ensolarado em site de previsão do tempo. Ou então a pérola do rapaz indeciso se escolhe a cerveja ou a garçonete, qual “boa” ele vai querer? É só escolher e levar?
A astúcia de tais profissionais é tão limitada assim? Comercial de cigarro foi proibido, porque será que os de bebidas alcoólicas incitando o consumo (grande causador de acidentes automobilísticos no Brasil, mas isso não é de grande preocupação, se der prisão é homicídio culposo, a pena é muito branda, e indenização, o que é isso, na justiça brasileira) não são? Será que a propaganda de cerveja não é proibida porque são as que mais colaboram para encher os cofres dos grupos da mídia nacional?
Balela!!! Nosso machismo é cultural e vem de berço, até de mulheres machistas! De pais inconseqüentes. De pessoas com baixo discernimento intelectual.
Mas admitir que seja natural, cerveja estar relacionado com mulher objeto, isso é inadmissível.

To de saco cheio e de olho grande!