domingo, 27 de novembro de 2011

A Janela dos Outros ((Martha Medeiros)

Recebi a mensagem por email e gostei, estou compartilhando.

A Janela dos Outros
(Martha Medeiros)

Gosto dos livros de ficção do psiquiatra Irvin Yalom (Quando Nietzsche Chorou, A Cura de Schopenhauer) e por isso acabei comprando também seu Os Desafios da Terapia, em que ele discute alguns relacionamentos padrões entre terapeuta e paciente, dando exemplos reais.
Ainda no início do livro, ele conta a história de uma paciente que tinha um relacionamento difícil com o pai. Quase nunca conversavam, mas surgiu a oportunidade de viajarem juntos de carro e ela imaginou que seria um bom momento para se aproximarem. Durante o trajeto, o pai, que estava na direção, comentou sobre a sujeira e degradação de um córrego que acompanhava a estrada. A garota olhou para o córrego a seu lado e viu águas límpidas, um cenário de Walt Disney. E teve a certeza de que ela e o pai realmente não tinham a mesma visão da vida. Seguiram a viagem sem trocar mais palavra.
Muitos anos depois, esta mulher fez a mesma viagem, pela mesma estrada, desta vez com uma amiga. Estando agora ao volante, ela surpreendeu-se: do lado esquerdo, o córrego era realmente feio e poluído, como seu pai havia descrito, ao contrário do belo córrego que ficava do lado direito da pista. E uma tristeza profunda se abateu sobre ela por não ter levado em consideração o então comentário de seu pai, que a esta altura já havia falecido.
Parece uma parábola, mas acontece todo dia: a gente só tem olhos para o que mostra a nossa janela, nunca a janela do outro. O que a gente vê é o que vale, não importa que alguém bem perto esteja vendo algo diferente.
A mesma estrada, para uns, é infinita, e para outros, curta. Para uns, o pedágio sai caro; para outros, não pesa no bolso. Boa parte dos brasileiros acredita que o país está melhorando, enquanto que a outra perdeu totalmente a esperança. Alguns celebram a tecnologia como um fator evolutivo da sociedade, outros lamentam que as relações humanas estejam tão frias. Uns enxergam nossa cultura estagnada, outros aplaudem a crescente diversidade. Cada um gruda o nariz na sua janela, na sua própria paisagem.
Eu costumo dar uma espiada no ângulo de visão do vizinho. Me deixa menos enclausurada nos meus próprios pontos de vista, mas, em contrapartida, me tira a certeza de tudo. Dependendo de onde se esteja posicionado, a razão pode estar do nosso lado, mas a perderemos assim que trocarmos de lugar. Só possuindo uma visão de 360 graus para nos declararmos sábios. E a sabedoria recomenda que falemos menos, que batamos menos o martelo e que sejamos menos enfáticos, pois todos estão certos e todos estão errados em algum aspecto da análise. É o triunfo da dúvida.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Seu impacto no mundo e ao seu redor, vida média de 76 anos vividos

Interessante, recebi e esse email e repasso.


Consumo médio de alimentos por uma pessoa ao longo da vida:
9.064 litros de leite.
4 cabeças de gado, 21 cordeiros e 15 porcos.
1.200 frangos e 13.345 ovos.
4.283 pães, ou cerca de 55 pães por ano.
5.272 maças
Aproximadamente 8,2 quilos de chocolate, um pouco mais de 10.000 barras.
5.882 litros de cerveja.

Uso de materiais e dejetos:
Nos primeiros dois anos e meio de vida, uma pessoa geralmente utiliza fraldas. E neste período, elas chegam a ser trocadas 3.800 vezes. Bilhões de fraldas vão parar no lixo anualmente. Na Grã-Bretanha, este é o artigo mais abundante nos lixões. O plástico das fraldas precisa de até 500 anos para se decompor.
Em média, uma criança de 2 anos que vive em um país industrializado é responsável por uma emissão de dióxido de carbono maior do que a de uma pessoa na Tanzânia ao longo de toda a sua vida.
Ao longo da vida, uma pessoa joga no lixo cerca de 8,5 toneladas de embalagens. E isto só de produtos alimentícios.
Quando chega aos 78 anos e meio, uma pessoa utilizou em média 4.239 rolos de papel higiênico e produziu 2.865 quilos de fezes, um pouco menos de três toneladas.
Em média, uma pessoa se banha 7.163 vezes durante a vida, utilizando quase um milhão de litros de água.
Ao longo da vida, uma pessoa utiliza em média 656 sabonetes, 272 desodorantes, 276 tubos de pasta de dente, 411 produtos para a pele e 35 potes de gel para cabelos.
Durante a vida, uma pessoa usa em média 198 frascos de xampu e lava o cabelo 11.500 vezes.

Média de atividades extras de uma pessoa :
Assiste 148 minutos de TV por dia ou 900 horas por ano. Ao longo da vida isto equivale a 2.944 dias, ou 8 anos.
Lê 533 livros e 2.455 jornais durante a vida.
Pronuncia 4.300 palavras por dia, ou seja, aproximadamente 123.205.740 palavras ao longo da vida.
Caminha 317 quilômetros por ano.
Dirige 9.279 quilômetros por ano, um total de 728.489 quilômetros ao longo da vida. Isto equivale a uma viagem de ida e e volta à Lua.
A partir dos 60 anos, uma pessoa irá ao médico cerca de 35 vezes por ano.
Em média, uma pessoa consome 30 mil comprimidos durante toda a vida.



Saúde e Corpo:
O ser humano vive em média 2.475.576.000 segundos.
Ao longo da vida, uma pessoa piscará cerca de 415 milhões de vezes.
Seja por sofrimento, dor ou pesar, uma pessoa derramará em média 61,5 litros de lágrimas durante toda a vida.
Em média, uma pessoa terá 10 parceiros sexuais e fará sexo 4.239 vezes ao longo da vida.

Retirado do site:
http://lineupdth.blogspot.com/2008/04/dia-mundial-da-terra-no-natgeo.html

sábado, 20 de agosto de 2011

A maldição do viva-voz


Não bastasse todo mundo ter um celular (às vezes só pra ouvir música como o caso da minha filha, por exemplo, mas justifico que era contra ela ter celular, mas não fui eu quem comprei), agora todo mundo tem celular com viva-voz. Tudo bem, tecnologia é para ser proliferada e acesso para todo mundo, mas a questão é o uso que as pessoas fazem dela.
Já temos ai os rádios-celulares que se proliferaram e você caminha ouvindo aquele estalinho, plilililili... daí aquelas brincadeiras antigas de walk talk, já não tem mais graça, nem telefone sem-fio, afinal são os adultos que no meio da rua, ou meio da sala, como meu pai, lá em casa que partilha a conversa com todo mundo ao redor, mesmo que eu não esteja nem um pouco interessada em “participar”-ouvindo a conversa de ninguém.
Mas enfim, vamos voltar ao viva-voz. Vou dizer por que isso é uma praga, literalmente. Quando vou levar e buscar minha filha na escola, no nosso caminho sempre tem alguns alunos, não só da escola dela, mas de toda a região de onde moramos, bem, o fato é que esses alunos principalmente, mas já vi alguns sem uniforme também, ouvindo musica no celular, bem, eu não diria que seja bem uma música, o que eles ouvem são aqueles sons de funk, que na verdade não importa se é o mais atual ou do verão passado, porque o toque deles são todos iguais e não se ouve a música (dispensável, diga-se de passagem, porque as letras não são as mais interessantes de se ouvir), mas sim o “telec-telec-telec-telec”, é isso que eles ouvem... e no auto-falante do celular... eles ficam desfilando com o celular na mão ouvindo o “telec-telec-telec-telec”... É... Ninguém merece, eu não mereço.
Sabe por quê? Porque eu não compartilho minhas músicas preferidas com ninguém na rua e isso não é porque sou egoísta, mas porque acho falta de respeito “dividir” meu gosto com as outras pessoas, ninguém é obrigado a gostar de Mozart, Bach, nem mesmo dos dance que eu ouço quando faço caminhada, se coloco um fone de ouvido é porque quero me desligar do barulho da rua então, não é justo nem delicado que eu tenha que ouvir os funks alheios, principalmente “esses” tipos de funks que só incitam uma sexualidade gratuita.
Assim como não se pode promover barulho depois das 22h, ou teoricamente que sair sem roupa (alguns saem quase sem) seja atentado ao pudor, deveria ser atentado ao pudor ouvir funk no viva-voz do celular... ahhhhh, quanto mau gosto....
E sinceramente, nunca ouvi uma boa musica sendo “compartilhada” no celular ou no carro... portanto, abaixo ao compartilhamento de música em vias públicas... nesse ponto temos de ser egoístas...
Ahhhh, to de saco cheio!

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Essa música do Cidadão Quem que postei abaixo me faz pensar muito num momento que estamos passando enquanto população, mas que é um momento que se repete num ciclo sem fim. O complicado não somente que alguns capitalistas, alguns políticos e aproveitadores desviem recursos públicos deixando tudo o que tem a ser feito para trás, ignorando e passando por cima da pobreza e da ignorância, mas sim a atitude de cada um de nós, cidadãos simples... como entramos nessa onda individualista e de oportunismo.
Corrupção não algo que se coloca num momento e num lugar, é algo que eu acredito que se constrói, ao longo da formação de cada um. Ser oportunista é algo de berço sim... e isso é aprendido também, mas se não houver uma propensão não adianta mesmo...
Então um dia especial, onde alguém lhe estender a mão e não pedir nada em troca tem de ser celebrado sim, porque isso cada dia é mais raro, ter pessoas que colaboram com as outras, sõa gentis, faz seu papel é a obrigação de cada um de nós enquanto pares usufrindo de um espaço num pequeno e insignificante planeta no Sistema Solar e no universo.
Vejo algumas pessoas às vezes se indignar com gastar milhões com a exploração espacial sendo que aqui esse dinheiro poderia ser revertido e "resolver" muitos problemas por aqui... mas de outra forma é preciso pensar sim em como somos insignificantes diante do universo, como cada um de nós somos uma junção de moléculas que não alteram nada no universo... e isso não é que não temos valor, pelo contrário, mas serve para algumas pessoas que agem como se suas vidas e sua existência fossem a razão da vida dos outros.. sejam pessoas consagradas por algo que fazem e que não altera para melhor a vida de ninguém, astros, esportista, sei lá, ou mesmo nosso vizinho que não é capaz de esboçar um sorriso ou de simplesmente nos cumprimentar, nosso colega de trabalho que finge que não existimos... aí é que é complicado...
aí vou terminar me recordando e ouvindo a música do Gabriel: "Astronauta"....
"Você não tá feliz
Onde você está?
Observando
Tudo a distância
Vendo como a Terra
É pequenininha
Como é grande
A nossa ignorância
E como a nossa vida
É mesquinha
A gente aqui no bagaço
Morrendo de cansaço
De tanto lutar
Por algum espaço"

Até mais.. tô de saco cheio!

Um dia especial

Essa é uma bela canção de um grupo chamado Cidadão Quem, ela fala realmente de um dia especial...


Dia Especial

Cidadão Quem

Composição: Duca Leindecker

"Se alguém
Já lhe deu a mão
E não pediu mais nada em troca
Pense bem, pois é um dia especial
Eu sei
Que não é sempre
Que a gente encontra alguém
Que faça bem
E nos leve desse temporal
O amor é maior que tudo
Do que todos até a dor
Se vai
Quando o olhar é natural
Sonhei que as pessoas eram boas
Em um mundo de amor
Acordei nesse mundo marginal
Mas te vejo e sinto
O brilho desse olhar
Que me acalma
Me traz força pra encarar tudo
Mas te vejo e sinto
O brilho desse olhar
Que me acalma
Me traz força pra encarar tudo
O amor é maior que tudo
Do que todos, até a dor
Se vai quando o olhar é natural
Sonhei que as pessoas eram boas
Em um mundo de amor
E acordei, nesse mundo marginal.
Mas te vejo e sinto
O brilho desse olhar
Que me acalma
Me traz força pra encarar tudo
Mas te vejo e sinto
O brilho desse olhar
Que me acalma
Me traz força pra encarar tudo..."

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Somos Quem Podemos Ser

Somos Quem Podemos Ser

Engenheiros do Hawaii

Composição: Humberto Gessinger
 
 
Um dia me disseram
Que as nuvens não eram de algodão
Um dia me disseram
Que os ventos às vezes erram a direção
E tudo ficou tão claro
Um intervalo na escuridão
Uma estrela de brilho raro
Um disparo para um coração
A vida imita o vídeo
Garotos inventam um novo inglês
Vivendo num país sedento
Um momento de embriaguez
Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter
Um dia me disseram
Quem eram os donos da situação
Sem querer eles me deram
As chaves que abrem essa prisão
E tudo ficou tão claro
O que era raro ficou comum
Como um dia depois do outro
Como um dia, um dia comum
A vida imita o vídeo
Garotos inventam um novo inglês
Vivendo num país sedento
Um momento de embriaguez
Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter
Um dia me disseram
Que as nuvens não eram de algodão
Sem querer eles me deram
As chaves que abrem essa prisão
Quem ocupa o trono tem culpa
Quem oculta o crime também
Quem duvida da vida tem culpa
Quem evita a dúvida também tem
Somos quem podemos ser
Sonhos que podemos ter

terça-feira, 24 de maio de 2011

No Brasil, futebol é religião (por Ed René Kivitz)

Tive de postar esse email integralmente que recebi, pois é bem interessante, vale a pena ler...


 
No dia 1°/Abr/2010, o elenco do Santos, atual campeão paulista de futebol,  foi a uma instituição que abriga trinta e quatro pessoas. O objetivo era distribuir ovos de Páscoa para crianças e adolescentes, a maioria com paralisia cerebral.

Ocorreu que boa parte dos atletas não saiu do ônibus que os levou.

Entre estes, Robinho (26a), Neymar (18a), Ganso (21a), Fábio Costa (32a), Durval (29a), Léo
(24a), Marquinhos (28a) e André (19a), todos ídolos muito aguardados.

O motivo teria sido religioso. A instituição era o Lar Espírita Mensageiros da Luz, de Santos-SP, cujo lema é Assistência à Paralisia Cerebral.

Visivelmente constrangido, o técnico Dorival Jr. tentou convencer o grupo a participar da ação de caridade. Posteriormente, o Santos informou que os jogadores não entraram no local simplesmente porque não quiseram.

Dentro da instituição, os outros jogadores participaram da doação dos 600 ovos, entre eles, Felipe (22a), Edu Dracena (29a), Arouca (23a), Pará (24a) e Wesley (22a), que conversaram e brincaram com as crianças.

Eis que o escritor, conferencista e Pastor ED RENÉ KIVITZ, da Igreja Batista de Água Branca (São Paulo), fez uma análise profunda sobre o ocorrido e escreveu o texto abaixo que tenho o prazer de compartilhar.
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No Brasil, futebol é religião  (por Ed René Kivitz)

Os meninos da Vila pisaram na bola. Mas prefiro sair em sua defesa.
Eles não erraram sozinhos. Fizeram a cabeça deles. O mundo religioso é mestre em fazer a cabeça dos outros. Por isso, cada vez mais me convenço que o Cristianismo implica a superação da religião, e cada vez mais me dedico a pensar nas categorias da espiritualidade, em detrimento das categorias da religião.

A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais de cada tradição de fé.
A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todas e cada uma das tradições de fé.

Quando você começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o inferno; ou se Deus é a favor ou contra à prática do homossexualismo; ou mesmo se você tem que subir uma escada de joelhos ou dar o dízimo na igreja para alcançar o favor de Deus, você está discutindo religião. Quando você começa a discutir se o correto é a reencarnação ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do Gênesis, e se o livro certo é a Bíblia ou o Corão, você está discutindo religião. Quando você fica perguntando se a instituição social é espírita kardecista, evangélica, ou católica, você está discutindo religião.

O problema é que toda vez que você discute religião você afasta as pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância. A religião coloca de um lado os adoradores de Allá, de outro os adoradores de Yahweh, e de outro os adoradores de Jesus. Isso sem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna e devotos do Buda, e por aí vai.
E cada grupo de adoradores deseja a extinção dos outros, ou pela conversão à sua religião, o que faz com que os outros deixem de existir enquanto outros e se tornem iguais a nós, ou pelo extermínio através do assassinato em nome de Deus, ou melhor, em nome de um deus, com d minúsculo, isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus.

Mas, quando você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade, você está no horizonte da espiritualidade, comum a todas as tradições religiosas. E quando você está com o coração cheio de espiritualidade, e não de religião, você promove a justiça e a paz.
Os valores espirituais agregam pessoas, aproxima os diferentes, faz com que os discordantes no mundo das crenças se deem as mãos no mundo da busca de superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e iguala, independentemente de raça, gênero, e inclusive religião.

Em síntese, quando você vive no mundo da religião, você fica no ônibus. Quando você vive no mundo da espiritualidade que a sua religião ensina  ou pelo menos deveria ensinar, você desce do ônibus e dá um ovo de páscoa para uma criança que sofre a tragédia e miséria de uma paralisia mental.


Ed René Kivitz, cristão, pastor evangélico e santista desde pequenininho.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Carta de um Nobel da Paz a Barack Obama

Por Adolfo Pérez Esquivel

"Estimado Barack, ao dirigir-te esta carta o faço fraternalmente para, ao mesmo tempo, expressar-te a preocupação e indignação de ver como a destruição e a morte semeada em vários países, em nome da “liberdade e da democracia”, duas palavras prostituídas e esvaziadas de conteúdo, termina justificando o assassinato e é festejada como se tratasse de um acontecimento desportivo.

Indignação pela atitude de setores da população dos Estados Unidos, de chefes de Estado europeus e de outros países que saíram a apoiar o assassinato de Bin Laden, ordenado por teu governo e tua complacência em nome de uma suposta justiça. Não procuraram detê-lo e julgá-lo pelos crimes supostamente cometidos, o que gera maior dúvida: o objetivo foi assassiná-lo.

Os mortos não falam e o medo do justiçado, que poderia dizer coisas inconvenientes para os EUA, resultou no assassinato e na tentativa de assegurar que “morto o cão, terminou a raiva”, sem levar em conta que não fazem outra coisa que incrementá-la.

Quando te outorgaram o Prêmio Nobel da Paz, do qual somos depositários, te enviei uma carta que dizia: “Barack, me surpreendeu muito que tenham te outorgado o Nobel da Paz, mas agora que o recebeu deve colocá-lo a serviço da paz entre os povos; tens toda a possibilidade de fazê-lo, de terminar as guerras e começar a reverter a situação que viveu teu país e o mundo”.

No entanto, ao invés disso, você incrementou o ódio e traiu os princípios assumidos na campanha eleitoral frente ao teu povo, como terminar com as guerras no Afeganistão e no Iraque e fechar as prisões em Guantánamo e Abu Graib no Iraque. Não fez nada disso. Pelo contrário, decidiu começar outra guerra contra a Líbia, apoiada pela OTAM e por uma vergonhosa resolução das Nações Unidas. Esse alto organismo, apequenado e sem pensamento próprio, perdeu o rumo e está submetido às veleidades e interesses das potências dominantes.

A base fundacional da ONU é a defesa e promoção da paz e da dignidade entre os povos. Seu preâmbulo diz: “Nós os povos do mundo...”, hoje ausentes deste alto organismo.

Quero recordar um místico e mestre que tem uma grande influência em minha vida, o monge trapense da Abadia de Getsemani, em Kentucky, Tomás Merton, que diz: “a maior necessidade de nosso tempo é limpar a enorme massa de lixo mental e emocional que entope nossas mentes e converte toda vida política e social em uma enfermidade de massas. Sem essa limpeza doméstica não podemos começar a ver. E se não vemos não podemos pensar”.

Você era muito jovem, Barack, durante a guerra do Vietnã e talvez não lembre a luta do povo norteamericano para opor-se à guerra. Os mortos, feridos e mutilados no Vietnã até o dia de hoje sofrem as consequências dessa guerra.

Tomás Merton dizia, frente a um carimbo do Correio que acabava de chegar, “The U.S. Army, key to Peace” (O Exército dos EUA, chave da paz): “Nenhum exército é chave da paz. Nenhuma nação tem a chave de nada que não seja a guerra. O poder não tem nada a ver com paz. Quanto mais os homens aumentam o poder militar, mais violam e destroem a paz”.
Acompanhei e compartilhei com os veteranos da guerra do Vietnã, em particular Brian Wilson e seus companheiros que foram vítimas dessa guerra e de todas as guerras.

A vida tem esse não sei o quê do imprevisto e surpreendente fragrância e beleza que Deus nos deu para toda a humanidade e que devemos proteger para deixar às gerações futuras uma vida mais justa e fraterna, reestabelecendo o equilíbrio com a Mãe Terra.

Se não reagirmos para mudar a situação atual de soberba suicida que está arrastando os povos a abismos profundos onde morre a esperança, será difícil sair e ver a luz; a humanidade merece um destino melhor. Você sabe que a esperança é como o lótus que cresce no barro e floresce em todo seu esplendor mostrando sua beleza.

Leopoldo Marechal, esse grande escritor argentino, dizia que: “do labirinto, se sai por cima”.

E creio, Barack, que depois de seguir tua rota errando caminhos, você se encontra em um labirinto sem poder encontrar a saída e te enterra cada vez mais na violência, na incerteza, devorado pelo poder da dominação, arrastado pelas grandes corporações, pelo complexo industrial militar, e acredita ter todo o poder e que o mundo está aos pés dos EUA porque impõem a força das armas e invade países com total impunidade. É uma realidade dolorosa, mas também existe a resistência dos povos que não claudicam frente aos poderosos.

As atrocidades cometidas por teu país no mundo são tão grandes que dariam assunto para muita conversa. Isso é um desafio para os historiadores que deverão investigar e saber dos comportamentos, políticas, grandezas e mesquinharias que levaram os EUA á monocultura das mentes que não permite ver outras realidades.

A Bin Laden, suposto autor ideológico do ataque às torres gêmeas, o identificam como o Satã encarnado que aterrorizava o mundo e a propaganda do teu governo o apontava como “o eixo do mal”. Isso serviu de pretexto para declarar as guerras desejadas que o complexo industrial militar necessitava para vender seus produtos de morte.

Você sabe que investigadores do trágico 11 de setembro assinalam que o atentado teve muito de “auto golpe”, como o avião contra o Pentágono e o esvaziamento prévios de escritórios das torres; atentado que deu motivo para desatar a guerra contra o Iraque e o Afeganistão, argumentando com a mentira e a soberba do poder que estão fazendo isso para salvar o povo, em nome da “liberdade e defesa da democracia”, com o cinismo de dizer que a morte de mulheres e crianças são “danos colaterais”. Vivi isso no Iraque, em Bagdá, com os bombardeios na cidade, no hospital pediátrico e no refúgio de crianças que foram vítimas desses “danos colaterais”.

A palavra é esvaziada de valores e conteúdo, razão pela qual chamas o assassinato de “morte” e que, por fim, os EUA “mataram” Bin Laden. Não trato de justificá-lo sob nenhum conceito, sou contra todas as formas de terrorismo, desde a praticada por esses grupos armados até o terrorismo de Estado que o teu país exerce em diversas partes do mundo apoiando ditadores, impondo bases militares e intervenção armada, exercendo a violência para manter-se pelo terror no eixo do poder mundial. Há um só eixo do mal? Como o chamarias?

Será que é por esse motivo que o povo dos EUA vive com tanto medo de represálias daqueles que chamam de “eixo do mal”? É simplismo e hipocrisia querer justificar o injustificável.

A Paz é uma dinâmica de vida nas relações entre as pessoas e os povos; é um desafio à consciência da humanidade, seu caminho é trabalhoso, cotidiano e portador de esperança, onde os povos são construtores de sua própria vida e de sua própria história. A Paz não é dada de presente, ela se constrói e isso é o que te falta meu caro, coragem para assumir a responsabilidade histórica com teu povo e a humanidade.

Não podes viver no labirinto do medo e da dominação daqueles que governam os EUA, desconhecendo os tratados internacionais, os pactos e protocolos, de governos que assinam, mas não ratificam nada e não cumprem nenhum dos acordos, mas pretendem falar em nome da liberdade e do direito. Como pode falar de Paz se não quer assumir nenhum compromisso, a não ser com os interesses de teu país?

Como pode falar da liberdade quanto tem na prisão pessoas inocentes em Guantánamo, nos EUA e nas prisões do Iraque, como a de Abu Graib e do Afeganistão?

Como pode falar de direitos humanos e da dignidade dos povos quando viola ambos permanentemente e bloqueia quem não compartilha tua ideologia, obrigando-o a suportar teus abusos?

Como pode enviar forças militares ao Haiti, depois do terremoto devastador, e não ajuda humanitária a esse povo sofrido?

Como pode falar de liberdade quando massacra povos no Oriente Médio e propaga guerras e tortura, em conflitos intermináveis que sangram palestinos e israelenses?

Barack, olha para cima de teu labirinto e poderá encontrar a estrela para te guiar, ainda que saiba que nunca poderá alcançá-la, como bem diz Eduardo Galeano. Busca a coerência entre o que diz e faz, essa é a única forma de não perder o rumo. É um desafio da vida.

O Nobel da Paz é um instrumento ao serviço dos povos, nunca para a vaidade pessoal.

Te desejo muita força e esperança e esperamos que tenha a coragem de corrigir o caminho e encontrar a sabedoria da Paz."

Adolfo Pérez Esquivel, Nobel da Paz 1980.
Buenos Aires, 5 de maio de 2011

terça-feira, 3 de maio de 2011

Um dia, todos os dias... um ser... especial... (Mãe!)


Vejo muita gente falando sobre amor de mãe, vejo muita gente admirando ou dizendo certas coisas sem ter noção do que se trata, mas assim são as pessoas, falam e falam daquilo que não sabem direito... as pessoas gostam de expressar suas opiniões... as vezes porque são contagiadas pelo momento midiático e pelo assunto abordado em sociedade, mas isso tem tempo determinado para começar e terminar.
Mas acho difícil qualquer pessoa que não viva esse papel poder dizer sobre ele, ninguém, a não ser as próprias mães podem dizer o que é isso. Ninguém também nos conta das dificuldades que iremos enfrentar para o resto de nossas vidas, ninguém diz que muitas noites vão ser vividas em claro, sejam quando bebês, seja quando adultos, seja enquanto vivemos. Ninguém conta das dores de barriga que teremos, da sensação ruim quando eles ficam doentes, quando se atrasam e você pensa em tudo de ruim, menos num simples atraso. Ninguém nos relata sobre a sensação ruim quando eles não nos ouvem da primeira vez, da segunda, da terceira e não ouvem mesmo. Quando eles teimam e batem o pé quando querem algo e não sossegam enquanto nós não mudamos nossa opinião. Ninguém diz isso. Eles só contam os sorrisos, o colinho quentinho, o abraço desinteressado.
Ninguém conta que você nunca mais será você depois de ser mãe. Que você vai acabar perdendo um pouco de você e vivendo muito da vida deles, mesmo querendo que eles vivam a própria vida, a sensação de abandono que temos quando eles precisam aprender sozinhos é imensa, é terrível a culpa de deixar o filho crescer, ninguém conta isso. Que eles crescem, que já não dependem tanto da gente, que os amigos vão tomando um espaço maior, que outros assuntos vão sendo mais importante que simplesmente estar em casa com a mamãe, e brincar com qualquer utensílio da cozinha e fazer barulho... vai chegar a hora que eles silenciam um pouco e você vai se perguntando o que esta acontecendo... será que eu não tenho mais importância? Mas eles estão crescendo... e isso acontece tão rapidamente, que a fralda suja, o choro no meio da noite, as cólicas e o cheirinho do bebê, essas sensações que os comerciais relatam vão ficando num mundo distante, guardados somente no nosso coração e nas fotos que raramente visitamos...
E eles vão se tornando gente, com personalidade própria, a sua opinião na escolha das roupas já não é tão importante assim, os beijos e os abraços também vão diminuindo... e quando você quer, tem de pedir. Os bilhetinhos feitos na escola diminuem drasticamente e a dor e o prazer de ser mãe se confundem com a obrigação.
Mas nada, nem naqueles momentos em que você esta extremamente irritada, bufando, louca com a teimosia e o enfrentamento deles, são capazes de tirar a sensação de que aquela pessoazinha, tem um pouco ou muito de você, que ela é inteligente e teimosa, porque fomos um dia, porque você também contribuiu para que ela fosse assim e que você fez sua parte e ainda fará enquanto existir e que não há nada mais gratificante e não há amor mais verdadeiro do que o de uma mãe e que você faria e fará, mesmo que não deva, tudo para esse ser, seu filho.
Parabéns por hoje, por ontem e por amanhã, porque o dia da mãe é a eternidade.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

HE ANDADO MUCHOS CAMINOS

HE ANDADO MUCHOS CAMINOS

He andado muchos caminos,
he abierto muchas veredas,
he navegado en cien mares
y atracado en cien riberas.

En todas partes he visto
caravanas de tristeza,
soberbios y melancòlicos
borrachos de sombra negra,

y pedantones al paño
que miran, callan y piensan
que saben, porque no beben
el vino de las tabernas.

Mala gente que camina
y va apestando la tierra...

Y en todas partes he visto
gentes que danzan o juegan
cuando pueden, y laboran
sus cuatro palmos de tierra.

Nunca, si llegan a un sitio,
preguntan adònde llegan.
Cuando caminan, cabalgan
a lomos de mula vieja,

y no conocen la prisa
ni aun en los días de fiesta.
Donde hay vino, beben vino;
donde no hay vino, agua fresca

Son buenas gentes que viven,
laboran, pasan y sueñan,
y en un día como tantos
descansan bajo la tierra.


Antonio Machado

No hay camino...

"Caminante, son tus huellas el camino y nada más;
Caminante, no hay camino, se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino, y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino sino estelas en la mar. "

Antonio Machado

segunda-feira, 18 de abril de 2011

"Existem três tipos de pessoas: as que deixam acontecer, as que fazem acontecer e as que perguntam o que aconteceu."
(J. M. R.)

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Assim falava Zaratustra...

"Por que és tão duro? - perguntou um dia o carvão ao diamante - Não somos parentes chegados?
Por que tão moles? Ó meus irmãos - retrucou o diamante - eis a pergunta que vos faço. Pois não são meus irmãos?
Por que são tão moles, tão brandos, tão indolentes? Por que existe tanta negação, tanta renúncia nos vossos corações? Tão pouca fatalidade nos vossos olhares?
E se não quereis ser fatalidade e destino inexorável, como podereis ser um dia vencedores, como eu?
E se a vossa dureza se recusa a cintililar, a cortar a talhar, como podereis ser um dia criadores, como eu?
Porque os criadores são duros, e é preciso que sintais a felicidade de imprimir a vossa mão sobre os milênios como sobre cera, a felicidade de gravar a vossa marca no querer dos milênios como num metal semelhante ao bronze - mais duro que o bronze, mais nobre que o bronze. O metal mais nobre é também o mais duro.
Eis a tábua nova que ponho agora sobre vossas cabeças, ó meus irmãos: tornai-vos duros"
Assim Falava Zaratustra - Nietzsch

terça-feira, 5 de abril de 2011

Mais um dia indignada....


 
Estava eu, na delegacia de policia ao lado de casa, pela terceira vez na tentativa de fazer um B.O. sobre estelionato, uma empresa na internet que deu o golpe no Brasil inteiro, e me pego na seguinte situação. No primeiro dia fui e o escrivão estava em horário de almoço, pensava eu que serviços como esse deveriam ter plantão, voltei mais tarde... esperando 40 minutos um outro B.O. sendo feito e o escrivão me diz que o sistema tinha caído, que voltasse no outro dia 9 da manhã, como tinha de trabalhar, fiz isso... voltei hoje, uma pessoa fazendo B.O. de assalto, levaram o carro em pleno centro da cidade, à luz do sol quente e uma outra mulher, proprietária de uma loja de roupas, que pela segunda, terceira vez, os fregueses (os bandidos) assaltavam sua loja.... e eu lá, em pé, esperando pacientemente (isso é mentira) mas precisava fazer o B.O. e não queria voltar mais outra vez... o escrivão falando que não tinha viatura na cidade, somente uma e que ficava no centro da cidade, não faziam ocorrências. No dia anterior, ele falando para o senhor que fazia um B.O. também de estelionato, que era o 6° do dia... e que não adiantava nada, porque num país onde todo mundo ficava impune... isso me deu um arrepio na coluna... o próprio policial onde se encaminham investigações falando isso... pra onde a gente corre... ai ai...
Pior nem foi isso, a demora, a indignação, o mau estar... pior era que o policial fumava a cada B.O. que ele fazia... foram 4 que presenciei... mas ele não saia para fumar... ele fumava na sala da recepção, onde trabalhava... peraí, fiquei pensando, se a gente chama a policia com a lei do fumo em locais fechados e o próprio policial fazia isso na cara de todo mundo... pra onde eu recorro... pra Deus?!? Mas Deus não ia descer para autuar aquele senhor.... afff..... O celular dele tocava o tempo inteiro... era os filhos, o neto... fiquei pensando... funcionário público, tranqüilo, policial... vai temer a quem.. quem vai reclamar da conduta dele... e fiquei pensando em mim... o quanto de humilhação já senti trabalhando na iniciativa privada... mas mesmo hoje que sou funcionaria publica, sinto a mesma resignação, tenho medo de ser “folgada” como vejo a maioria dos servidores públicos sendo... mal educados... em cima de um pedestal, inatingíveis... e os impostos, cada vez doem mais no bolso... daí ele (o policial) estava conversando com uma das vitimas, que as pessoas que tem a casa assaltada deviam entrar com uma ação contra o Estado, já que esse tem de prover segurança publica... e pobre (não era o caso desse senhor) lá sabe qualquer direito que tenha.. e vai conseguir advogado onde... ficar em filas na OAB, provando ser pobre pra conseguir um advogado... ou mesmo quem passe do salário mínimo que a OAB exige para ser atendido lá e que não pode pagar os valores que os advogados pedem... ai ai ai ai.... onde será que a gente vai parar...
Por que as coisas tem de ser assim... e ainda ouço uns cidadãos políticos, eleitos pelo nosso inábil povão, dizer que na época da ditadura... as pessoas se sentiam mais seguras, filhos do deputado Jair Bolsonato... que fez declarações infelizes e ainda usou a informação de que a sua imunidade era para ser usada para isso mesmo, para poder falar... falar e proferir ofensas e palavras caluniosas à negros e homossexuais.. isso mesmo.. imunidade parlamentar... o povo nem sabe que isso existe... mas valha-me Deus... o povo não é ignorante e apático mesmo por conta da ditadura... então ela era boa.. para quem estava no poder certo... que no caso era a família desse senhor e a alta cúpula governamental, famílias tradicionais... e porque ainda protegemos os agressores e assassinos dos que fizeram nosso pais ser uma “democracia”... nosso código civil é arcaico e absurdo... mas quem tem coragem de mexer com “peixe-grande”....
To de saco cheio.

domingo, 6 de março de 2011

O chamado

O Chamado

Composição: Marina Lima / Giovanni Bizzotto

Vou seguir o chamado
E onde é que vai dar, onde é que vai dar?
Não sei...
Arriscar ser derrotado
Por mentiras que vão
Mentiras que vêm punir
Um coração cansado de sofrer
E de amar até o fim
Acho que vou desistir
Céu abriga o recado
Que é pra eu me guardar
Mudanças estão por vir
Esperar ser proclamado
O grande final,
O grande final feliz!
Que tal aquele brinde que faltou?
Será que teria sido assim?
Acho que vou resistir
Que tal aquele brinde que faltou?
Será que teria sido assim?
Acho que vou resistir...
Onde é que vai dar?
Onde é que vai dar?

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

NEM SEMPRE SOU IGUAL

"Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.

Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,

Reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés -
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma ..."

Alberto Caeiro

Poesia em Cordel - repúdio ao BBB

Recebi por email e repasso.. porque é muito bom...

Autor: Antonio Barreto,
Cordelista natural de Santa Bárbara-BA,residente em Salvador.

"Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.


Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.

O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.

Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.

Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.

A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.

A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.

Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?

Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…"

FIM
Salvador, 16 de janeiro de 2010.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Meu jardim



Gentilmente eu plantei flores no jardim das emoções.
Outrora capinava desejos, como se se alastrassem e tomassem posse do jardim, como ervas daninhas.
Onde há vida na terra, cresce mato. Para que não tome conta, é preciso roçar.
Roçando com delicadeza é possível não eliminar tantas flores que ainda não estão em sua maior beleza.
Regando com meiguice, é provável que não embeba demais as flores, nem que os espinhos machuquem, nem que o adubo fortaleça demais.
Na medida da dedicação, as borboletas aparecem. Majestosas. Docemente beijam o néctar e dividem a semente da vida com jardins secretos cerrados de mato escondidos nos mais profundos mausoléus.
Pássaros sorriem e cantam celebrando no altar de seu novo lar. Distribuem com seus bicos, formosura por todo lugar onde suas asas conseguem abranger, alimentando-se e compartilhando a experiência da liberdade.
Não vou me abater tanto já que muitas vezes esqueci de aguar, de proteger meu jardim, afinal ele carece de zelo. Uma vez, nesses momentos insanos da vida, as tarefas exaustivas me tomaram tanto a vitalidade que quase o jardim se acabou, secando a ponto de dar pena, achando que fosse impossível recuperá-lo.
Mas como a vida, o amor vigoroso do meu jardim e o solo fecundo eram tão ricos, que nas folhas secas, na angústia do meu egoísmo, as lágrimas jorraram e o fio condutor de vida estava presente para ser cultivado, ele pôde ser revigorado.
Não mais quero olvidar que trago um jardim para desenvolver, cultivar. Local que serve de festividade para todos meus queridos amigos conquistados deleitarem-se.
Sei que a vida pode me afastar do meu jardim algumas vezes, mas ele sempre será o solo úbere de nuances, aromas e júbilos, para repartir, exaltando a existência.
Em alguns momentos, fatigantes, meu jardim estará demasiado abastado, restando insuficiente período para se reaver dos convidados continuamente bem-vindos. Todavia alguns amigos trazem consigo mais sementes para nutrir meu jardim, mantendo-o sempre vivo e acessível.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é.
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem por que ama, nem o que é amar...

Alberto Caeiro

sábado, 8 de janeiro de 2011

"Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso."

Fernando Pessoa