quinta-feira, 18 de março de 2010

Um grito no silêncio

Já ouvi muitos versos, cantados e harmoniosos
Poesias estranguladas, brados enclausurados
Não há palavras boas pra cantar
Nem versos tão belos a soletrar

O medo já é mais presente
Nos dias que se levantam
Nem dormir mais se é consentido
O cachorro e os tiros já não permitem
Não há mais lugar seguro
Não há mais cidade do interior
O trauma agora é constante
Em minha face só há um rubor

Bobagem as pessoas dizerem
Que política resolve a civilização
Depositaram toda a esperança
No tabuleiro, em mais um pião
Mas há muito que se pode fazer
Mas há muitas guerras a vencer
Porém se cada um fizesse um pouquinho
Como desligar a TV, grande trunfo se conquistaria

No Brasil e em todo o mundo
Recompensa-se pela ignorância, que crê que não se tem
Está tudo sendo manipulado
Mas há algo enlatado que não engulo, pois não sou otário
As crianças vendo violência
Aprendem a ser mais fúteis e consumistas então
Se mede uma amizade
Pelo que mais ela tem e não pelo que são

A violência anda gratuita
Os pais sem consideração
Fazendo filhos nos próprios filhos
A inocência sendo interrompida
A malícia sendo esculpida
Não sei como se admite
Que isso seja uma família
Pois isso é uma grande desmoralização

Não adianta dinheiro algum
A qualquer momento se pode perder
O que fica é o conhecimento
Que realmente é o poder
Meus versos não rimam com nada
Nem é esta a intenção
São gritos que estão abafados
Essa é toda minha indignação

O sistema está desvinculado
Nada mais faz sentido ou ligação
Nessa fúria, desse dia-a-dia
Esse país não é mais uma nação

E eu choro de aflição e angústia
Que o amanha já não chegará
A natureza sendo destruída
E só o lixo é o que restará
O lixo que sua incapacidade
No chão há de arremessar
Pois sua cabeça não raciocina
Que o planeta Terra irá acabar

Os gritos que ele nos emite
Ninguém quer enxergar
Fingem que não os escutam
Mas não há como fugir, você há de se entregar
E então irá reclamar da natureza ou do Criador
Que diabos está acontecendo?
Sendo que você é o causador

Então finja que não é contigo
Aos montes alguns vão morrer
Os que têm por não temerem
Os que não têm por não admitirem
E o choro de indignação
O túmulo de mármore, nada adiantarão
O fim do mundo está próximo
Então você é a contradição!

Então quando chegarem as datas comemorativas
Não pense só em consumir
Pense na alienação
Da qual você deveria fugir
Não basta ser solidário
Apenas em um só dia num ano inteiro
Não basta fingir ser bonzinho e ter bom coração
A hipocrisia impera, no rádio e na televisão
Nos comandos do que você quer ser
Aonde você deve investir
O que você deve beber
Até ditam o que deve vestir

E você sai igual a vitrine
Achando que está na moda
E elas lá de cima estão rindo
Mais um num monte de idiotas

Tudo que se faz é fabricado
Você sempre quer se dar bem
Depois é muito mais fácil
Chantagear com Alguém do além
Pra conseguir a nota que não se esforçou
O namorado não lhe trair com ninguém
E a moral e os bons costumes
Ficaram na memória
De um romance romântico
Aos trancos e barrancos
Envelhecido numa biblioteca
Pois só a internet agora é o que interessa

Vejo pessoas pedindo atenção
Fabricando amigos invisíveis e contando os número que eles são
Os que têm mais de três dígitos são os populares
Nem por isso tem boa intenção
Esse protesto que nunca acaba
De eterna abominação
Queria ter nascido bicho
Animal racional não tem mais razão.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Educação e esperança: opostos?

Eu fico impressionada com a relação existente entre a escola e o seu público. Fantástico como a estrutura escolar é contra seu maior objetivo, os alunos.
A secretaria das escolas são um local limpo e claro, cheio de plantas e tem até papel higiênico no banheiro dos professores, sabonete e as torneiras e descargas funcionam, que maravilha. No local destinado aos alunos o ambiente é ríspido, sujo, escuro, pichado, melancólico, lembrando solidão, desespero. Nos banheiros, quando funcionam, não há sombra de papel higiêncio e sabonete, mesmo que a verba pública seja também para manter essa estrutura, sempre há os banheiros entupidos, as torneiras quebradas e os bebedouros (quando não quebrados) com água quente da torneira.
Daí eu como educadora, me pergunto e me revolto, como os alunos podem gostar e valorizar um local como este? Como alguém pode querer permanecer dentro das grades e sirenes ameaçadoras, que mais lembram uma prisão e determinam sua frustração?
A escola virou lugar de descaso, descaso de todas as partes envolvidas, salvo alguns raríssimos casos perdidos que levam a educação a sério. A sociedade, o governo, os professores, os funcionários, os alunos, todos tratam a escola como algo inferior, sem valor... Pobres criaturas que esperam que a salvação venha por milagres religiosos. O milagre é a possibilidade diária de transformação, de ampliar os caminhos e mudanças na maneira de agir e pensar.
Não há outro caminho com o poder transformador como o da educação, como o do conhecimento, como o da informação transformado em sabedoria, disseminado com a força da esperança de participar!
Existe solução, mesmo que o caminho seja trilhado de maneira dolorosa, sempre há uma maneira, como diz Gabriel o Pensador: "pra quem sabe olhar pra trás, nenhuma rua é sem saída..."

;)