domingo, 24 de janeiro de 2010

Rio 40 Graus


“Rio 40 Graus, Cidade Maravilha, purgatório da beleza e do caos.”
Acho que essa é uma das melhores definições dentro de uma música para a “cidade maravilhosa”. A contradição existente é tão gritante que seria um infortúnio não admiti-la. É grosseira demais a diferença dos locais existentes.
Vou começar, infelizmente com comparações, inevitáveis: o metrô, numa cidade com tal temperatura, eu tinha a sensação de que ia desfalecer de tanto calor, o ar condicionado não funcionava, pelo menos essa era a sensação, ou não dava conta de suprir ao menos, uma circulação de ar mais humana.
Achei engraçado, não conhecia o Rio e sinceramente não estava em meus planos, algumas pessoas tem a sensação de que você vai entrar na cidade e vai começar um tiroteio e uma bala perdida vai lhe atingir... mas é essa a sensação que a TV passa, quando lhe convêm, é claro. Continuando, o centro da cidade, a região conhecida como Cinelândia foi uma grande surpresa, lá há prédios históricos maravilhosos, a arquitetura me lembrou Porto Alegre, mas a diferença é o abandono e o descaso que se sente. Os monumentos, o que seria um patrimônio cultural da cidade, ficam invisíveis diante do caos que o trânsito proporciona. Sim, com muito menos carros que São Paulo, por exemplo, o não respeito às “regras”, ou seja, sinais, é uma loucura, pedestres enfrentam os carros mesmos, e ônibus e uma quantidade inimaginável, ao menos pra mim, do interior, de táxis perambulando nas ruas. A sujeira é gritante, seja ela porque os comerciantes colocam desde cedo seus sacos de lixo nas estreitas calçadas, seja os pedestres que sem o menor pudor despejam seus resíduos nas sujas ruas, sejam os usuários de transporte que atiram de suas janelas seus lixos. A quantidade me surpreendeu. Os vendedores ambulantes, a quantidade de pessoas circulando, as pichações e vandalismos, a sujeira dos pontos, tudo isso foi asfixiante. Mas, pegando o metrô e saindo num local não muito distante da grande massa da população, chegando até Copacabana, hmmmm, a sensação foi outra.
Esse sim, esse é o verdadeiro mundo da cidade maravilhosa, um mundo lindo e limpo, fantástico, não há lixo no chão, as ruas são largas e amplas, os prédios claros e há muitas árvores. E lá, além de pessoas de todas as nacionalidades (isso é verdade), você vai encontrar o povão, que sai da parte pobre da cidade e vai com suas “farofas” para a praia e o calçadão mais conhecido do mundo... pasmem, o mesmo povo que no centro joga seus lixos no chão, ali se comportam, como se diz, para inglês ver, como civilizados. Uau! Que progresso!
Muito bacana, muito! Como diriam os cariocas, “caraça, muito sinistro”, sem esquecer de colocar uns sons de “sh” no lugar dos “s” nas palavras, muito interessante.
A forma de conseguir uma graninha dos “gringos”, ohhh, muito pagode e samba na orelha da gente, a cada quiosque (que por sinal são muito luxuosos, nada comparados aos de palha do sul, nem aos de madeira ou tijolos do sudeste), tinha um grupinho tocando um pandeiro e fazendo uma festinha, tentando enfiar um cinto ou canga goela a baixo dos gringos, falando qualquer língua para serem entendidos, eu chamaria da língua da sobrevivência, a linguagem do capitalismo, um embromation que dava resultados, porque só os gringos, pálidos e paralisados com tanta mulher com o corpo a mostra, é que compraria um cinto, naquele calor estonteante (era de 36 graus, mas parecia 55) da praia naquela tarde de janeiro. Nem coragem de chegar perto da areia eu tive, ela queimava meus olhos, imagine meus pés e olhar aquele perdido de guarda-sóis me dava menos vontade ainda de chegar perto do mar e ouvir as ondas quebrando, essa eu fiquei devendo pra mim.
A questão dos gringos e suas teorias com relação às mulheres brasileiras eu vou deixar pra contar no próximo capitulo... ahauhauahah

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